
54. CAPÍTULO CINQUENTA E QUATRO
CAPÍTULO CINQUENTA E QUATRO
❛ ato três: o príncipe mestiço ❜
QUANDO A MANHÃ chegou na toca e os primeiros raios de sol começaram a se infiltrar pelas janelas do quarto, Erika soltou um pequeno gemido. Não só porque lhe incomodava sentir o sol diretamente no rosto, mas porque sentia um peso estranho na cama. Ela apertou ainda mais a cintura de Hermione, seu rosto se escondendo ainda mais em seu pescoço, quando sentiu algo macio e grosso cobrir seu nariz.
Ela começou a abrir os olhos lentamente para saber do que reclamar, mas foi obrigada a abri-los imediatamente ao sentir uma dor aguda no nariz assim que mexeu um pouco a cabeça. Uma dor como se seu nariz tivesse sido picado por agulhas. Ela se desvencilhou da morena e suas mãos caíram diretamente na ponta do nariz em indignação.
Seus olhos encontraram Bichento olhando para ela antes de pousar no pescoço de Hermione, especificamente onde a cabeça de Erika estivera antes. A morena abriu os olhos assim que percebeu que Erika não estava mais ao seu lado.
— Bichento acabou de morder seu nariz? — Hermione perguntou surpresa, sua voz sonolenta enquanto ela cuidadosamente pegava o gato para movê-lo para baixo da cama enquanto o acariciava.
— Não, ele apenas me deu um beijo de bom dia. — Erika murmurou sarcasticamente enquanto caminhava até um espelho para olhar seu nariz, notando dois pontos vermelhos começando a aparecer. — Pelo menos ele não me arranhou...
— Me desculpe... Não entendo porque Bichento ainda não gosta de você. — a morena olhou para Bichento lavando as patas como se nada tivesse acontecido. — Talvez ele esteja com ciúmes, os gatos ficam com ciúmes?
— Ele não deveria ficar com ciúmes, principalmente se for meio Kneazle. Ele deveria ser inteligente. — comentou como se fosse um fato. — Mas tudo bem, tenho que merecer de uma forma ou de outra.
Duas batidas foram ouvidas na porta do quarto e imediatamente ambas ficaram tensas. A maçaneta se abriu, mas Hermione foi esperta o suficiente para trancá-la caso Molly chegasse de manhã e elas ainda estivessem dormindo.
— Ginevra, eu falei para você não se trancar porque é perigoso! — Molly exclamou com um suspiro de frustração. — É hora do café da manhã então desça para abrir os presentes.
Elas ouviram os passos da mulher recuando e imediatamente relaxaram seus corpos.
— Quase esqueci que é Natal. — a garota de olhos azuis bocejou, aproximando-se de Hermione para deixar um breve beijo em sua testa. — Feliz Natal.
— Feliz Natal, linda. — Hermione sorriu com as bochechas levemente vermelhas pelo gesto terno. — Vamos descer antes que Molly desconfie do motivo da porta estar trancada.
Rindo conscientemente, elas desceram as escadas, atrás delas ouviram passos apressados vindos do andar de cima, as duas riram ao ver que era Ginny sorrindo para elas zombeteiramente ao descer primeiro para que ninguém suspeitasse da mudança de quarto.
O café da manhã passou rápido para que pudessem entregar e abrir os presentes que todos estavam ansiosos. Todos começaram a passar caixas, envelopes ou sacolas decoradas, Erika por sua vez começou a entregar primeiro o presente de Hermione e finalmente acabou entregando para Danielle e Penny.
— Se eu soubesse que teria uma sobrinha teria comprado alguma coisa para ela. — Erika murmurou ao entregar o pacote para sua irmã.
— Bom, se ela nascer antes da semana da Páscoa você pode vê-la na semana do intervalo e levar um presente para ela. — Penny sorriu ternamente e Erika acenou com a cabeça emocionada.
— Erika Anette, não acredito em você! — Hermione foi ouvida do outro lado da casa. Imediatamente todos, menos aquela citada, se viraram para ver como a morena segurava o presente de Erika nas mãos, o rosto com uma estranha mistura de descrença e raiva. — Vamos conversar sobre isso!
— E agora o que há de errado com você? — Ron perguntou revirando os olhos enquanto deixava o presente de Fred e George de lado para começar a abrir o que Erika havia lhe dado.
— Você lembra que vimos esse conjunto de tricô em Hogsmeade? Aquele de quem rimos porque era muito caro e brincamos que era ouro pelo preço? — Hermione insistiu, quase jogando na cara do amigo enquanto ele balançava a cabeça entediado. — Erika comprou!
Ron franziu a testa, sem entender por que Hermione estava reagindo daquela maneira até abrir seu próprio presente. Um pôster do Chudley Cannons assinado por toda a equipe e a goles temática que eles lançaram para o aniversário. Sua testa franziu ainda mais e ele olhou para Erika confuso.
— Mas... Isso é...
— Muito caro! — Hermione interrompeu olhando indignada para a namorada. — Eu já te disse que não é preciso gastar tanto com presentes!
— E eu disse que isso não me incomoda. — Erika murmurou casualmente enquanto se sentava em um dos sofás, Danielle e Lupin olhando para ela. — Eu queria dar coisas que você gostaria, não tenho culpa que coincidentemente sejam coisas caras.
— Danielle... — Penny sussurrou para ela com a intenção de fazê-la dizer algo, mas a Frukke mais velha desviou o olhar.
— Não vou repreendê-la por dar presentes, Penny...
— Erika, posso falar com você um momento? — Lupin perguntou quando todos voltaram ao normal, abrindo outros presentes.
O pedido de Remus passou despercebido pelos outros, então Erika assentiu confusa, seguindo seu ex-professor em direção ao jardim da casa dos Weasley enquanto segurava o presente que Hermione havia lhe dado, ainda fechado.
— É um belo Natal, não é? Passar algum tempo em silêncio antes de retornar à realidade que temos. — Remus disse baixinho assim que a porta se fechou atrás deles, com as mãos nos bolsos da calça. Erika assentiu silenciosamente atrás dele. — Quantos anos você tem, Eri?
— 16.
— Mmm... — Remus murmurou enquanto balançava a cabeça lentamente. — Uma idade difícil, se você me perguntar. Uma época em que algumas coisas começam a fazer sentido e outras não, quando você pensa que sabe alguma coisa mas ao mesmo tempo não sabe nada. É complicado, principalmente para alguém na sua situação. — Remus manteve o olhar fixo à frente, contemplando a paisagem branca à sua frente, a neve cobrindo todos os cantos do lugar. — É normal que pessoas da sua idade se deixem levar pela corrente do tempo e pelo que acontece, desistindo antes de lutar sem saber o que os espera no futuro. O que você acha disso, Érika?
A mais nova franziu a testa, baixou o olhar, sentindo que Remus a estava acusando de alguma coisa. Ou talvez ela estivesse um pouco paranóica pensando que Lupin tinha lido suas intenções tão facilmente.
— Acredito que cada um deve fazer o que quer e pode.
— Não no seu caso, Eri. — a voz suave de Remus acalmou um pouco a natureza da conversa. — Você é quem menos deveria se deixar levar pela corrente do tempo. Eu entendo a sua posição e entendo o que você faz, dando muito aos seus entes queridos para deixar sua marca pessoal, sua lembrança memorável em cada um deles para que mais tarde se lembrem de você porque você acha que não poderá dar nada a eles num futuro próximo. — Erika não pôde deixar de apertar os lábios com força, tentando conter a vontade de chorar. — Não pude deixar de notar que tudo o que você está fazendo, você faz como se não fosse estar ali amanhã.
— Não é essa a melhor maneira de viver? — a voz abafada da garota de olhos azuis fez com que Remus lhe lançasse um pequeno olhar, conseguindo vê-la de cabeça baixa.
— Sim, é, mas quando você olha pelo lado positivo. Não quando você já faz isso porque desistiu da vida. — Remus esclareceu quase com uma pequena risada, tentando aliviar o ar. — Se você desistir não saberá do que será capaz no futuro. Você ainda é jovem.
— Por que devo continuar lutando se está escrito no destino que vou morrer independentemente das minhas escolhas? Quero aproveitar o que me resta porque não sei quando vou deixar de ver a cara deles. Não é como se eu pudesse mudar o destino.
Remus assentiu, entendendo o que Erika queria dizer.
— Entendo o que você quer dizer, Eri. Mas a profecia não diz explicitamente que você morrerá. — ele comentou asperamente. — A profecia menciona algo sobre o seu fim, mas isso não significa automaticamente que você vai morrer. Se a profecia não diz que você vai morrer, você não vai morrer.
— Mas está dentro das possibilidades, certo?
Remus não sabia como responder a ela naquele momento porque, quer ele quisesse ou não, ela tinha razão.
— Eri, não há problema em aproveitar ao máximo a sua vida. Meu problema com tudo que você está fazendo agora é que parece um adeus antecipado. — ele suspirou tristemente, esperando que seu argumento fosse compreendido. — Você ainda tem muito pelo que viver, Erika. Você deve conhecer sua sobrinha, passar um tempo com seus amigos e vivenciar o amor com Hermione. Gostaria que você vivesse como Erika Frukke e não como herdeira do sangue de Merlin.
A visão de Erika começou a ficar turva devido às lágrimas que se acumularam no final da conversa. Sem perceber, ela pressionou contra o peito o pacote que Hermione lhe dera, conseguindo vê-la claramente enquanto piscava para afastar as lágrimas, deixando-as cair silenciosamente.
Remus entrou novamente em casa sem dizer mais nada, esperando que a pequena conversa tivesse sido útil para a mais nova. Entendeu perfeitamente a sensação de acreditar que você não pode dar mais a alguém porque não sabe o que vai acontecer com você no dia seguinte.
Erika começou a abrir o pacote com cuidado, sem querer rasgá-lo. Assim que colocou a mão, ela tocou em algo macio e esponjoso, e quando finalmente conseguiu ver o que era, suas bochechas ganharam uma cor avermelhada e ela sentiu um nó começar a se formar em sua garganta.
Em sua mão havia um pequeno pelúcio de tecido marrom, nele havia um bilhete preso com uma pequena agulha. Cuidadosamente, Erika separou a agulha do Pelúcio e concentrou toda sua atenção no papel.
Eu sei que não será suficiente por causa do que aconteceu no ano passado, não preencherá esse vazio que você carrega e não será uma solução permanente, mas eu queria fazer para você esse pequenino para que seu coração sarasse um pouco. Não é igual a um verdadeiro, mas espero que cumpra sua missão de lhe dar calma e amor.
Além disso, descobri que você tinha um knarl gigante e não um Pelúcio. Por motivos óbvios eu não conseguiria fazer um Pelúcio gigante, mas o esforço é que conta, né?
Espero que este possa ser vestida pela Hannah e que você me mostre as fotos como prometeu.
Feliz Natal. Eu te amo muito, daqui até as estrelas.
– H.
As lágrimas que ela tentou conter durante a conversa com Remus começaram a cair imediatamente. Ela olhou para o pelúcio de tricô, era pequeno, macio e tinha um rosto adorável. Ela engoliu o nó que se formou em sua garganta enquanto enxugava com força as lágrimas com a manga da camisa antes de entrar na sala aconchegante.
Ela não pensou duas vezes antes de ir direto até Hermione, abraçando-a com força enquanto escondia o rosto em seu pescoço, inalando o cheiro do perfume dela que tanto amava e acalmava.
— Ah, uau. — Hermione sussurrou, surpresa com a rapidez do ato, mas ainda retribuindo o abraço. Ela notou o Pelúcio de tecido nas mãos de Erika e sorriu. — Gostou? Eu sei que está um pouco deformado, mas ainda assim...
— Eu amei. — Erika murmurou apertando o abraço, seu rosto se enterrando impossivelmente ainda mais no pescoço da morena. — Eu também te amo muito, Hermione. Daqui para as estrelas...
O coração da Grifinória deu um pulo ao ouvir essas palavras com tanta sinceridade. Um sorriso incontrolável começou a aparecer em seu rosto enquanto o abraço ficava cada vez mais apertado.
— É bom ouvir isso... — Hermione murmurou com ternura.
Assim que terminou a troca de presentes, Erika subiu até o quarto onde estava hospedada para guardar tudo o que havia recebido. Danielle havia lhe dado uma espécie de pote gigante cheio de doces diferentes da Dedosdemel, então ela decidiu subir para escondê-lo rapidamente dos olhos curiosos e famintos dos irmãos Weasley.
Ela deixou o Pelúcio de tecido sobre a mesa enquanto guardava tudo. Quando abriu a mala e começou a abrir espaço, encontrou o suéter que Molly lhe dera no ano passado. Vestiu-o sem pensar, a textura da lã em seu corpo a lembrou de como foi passar o primeiro Natal em Hogwarts numa mesa grande e cheia de risadas e carinho. Uma imagem que ela esperava que continuasse a se repetir nos próximos anos.
Porque Remus estava certo, ela tinha que seguir em frente. Ela tinha que viver aqueles jantares de família que viriam depois, visitar a toca mais vezes, receber mais abraços de Molly, mais charadas de Arthur, mais pegadinhas e piadas dos gêmeos, mais conselhos de Remus e risadas com Tonks.
Esperança não parecia tão ruim, na verdade, a fez querer chorar mais.
Ela estava tão perdida em pensamentos que ficou surpresa ao sentir braços envolvendo sua cintura por trás. Hermione entrou no quarto e nem percebeu.
— Você gostou mesmo do meu presente? — a voz suave de Hermione a fez sorrir ternamente.
— Eu gostei muito. — Erika assegurou, cobrindo as mãos de Hermione que estavam em sua barriga.
— Você leu o bilhete?
— Sim
— É por isso que você estava chorando?
O rosto de Erika caiu e ela instintivamente mordeu a língua. Ela respirou fundo antes de se virar nos braços da Grifinória, olhando nos olhos dela com um pequeno sorriso.
— Não foi nada ruim, é só que... Gosto muito de passar o Natal com todos vocês. — ela admitiu, com um sorriso honesto. Sua mão caindo na bochecha de Hermione para acariciá-la com o polegar. — Eu quero que seja mais.
— Será, passaremos muitos mais Natais juntas. — Hermione assegurou, seu olhar descendo para o suéter da garota mais alta, sorrindo levemente. — Molly pediu para você usar? — suas mãos passaram pelos braços da garota mais alta, a lã macia nas palmas.
— Não, mas quero que saiba que gostei. É confortável e cheira bem.
— Eu gosto disso. Você fica ridiculamente adorável nele.
— E isso é um elogio?
— Um muito bom. — Hermione concordou com um sorriso torta. — Só digo isso para as lindas garotas da Lufa-Lufa de olhos azuis.
— Então Hannah também merece o elogio? — Erika fingiu indignação, fazendo Hermione rir ao empurrá-la gentilmente pelo ombro.
— Cala a boca, estúpida. Você sabe que estou falando de você.
Elas trocaram um beijo curto, onde por mais que tentassem acalmar seus sorrisos incontroláveis, não conseguiam. O beijo foi um desastre visto de fora, mas para elas foi perfeito, divertido. Nem sempre precisavam compartilhar beijos perfeitos, pois naquele momento o importante era a felicidade incontrolável que as enchia.
— A propósito, Harry está procurando por você. É por isso que vim aqui. — Hermione comentou quando elas se separaram do beijo, ficando em um abraço suave. — Parecia ser urgente.
A confusão era óbvia no rosto de Erika, mas ela ainda assentiu, sem saber sobre o que Harry queria falar com ela com tanta urgência. Desceram as escadas e encontraram Harry na sala, sentado como se esperasse impacientemente a chegada da Lufa-Lufa. Hermione se afastou para deixá-los conversar e Harry silenciosamente pediu que ela o seguisse.
Harry estava um pouco ansioso ou talvez impaciente, Erika não sabia a diferença naquele momento.
— Falei com o Sr. Weasley sobre Draco. Ele me disse que tinha algumas informações. — Harry deixou escapar, parando de andar repentinamente quando chegaram perto dos currais. — Suponho que Hermione lhe contou sobre o que vimos na Borgin & Burkes.
— Sim, que Draco estava próximo a algum tipo de armário e que eles disseram algo no ouvido de Pansy. — Erika respondeu após acenar com a cabeça, imediatamente acrescentando algo. — Que por falar nisso, foi Alethia quem falou com Pansy naquele dia. A mulher que estava na festa de Slughorn.
Harry olhou para ela com uma leve surpresa com a revelação e franziu a testa, começando a sentir um aperto no estômago por causa de como tudo parecia ruim.
— É por isso que me pareceu familiar...— o Grifinório murmurou para si mesmo, seu olhar baixou enquanto o rosto de Alethia Flint não estava mais turvo em sua mente. — Bem, voltando ao Sr. Weasley, ele me disse o que era aquele armário. Draco estava observando um armário evanescente.
— Armário desaparecido?
— Sim, eles podem transportar pessoas para qualquer lugar. — o garoto explicou suspirando. — Certamente Draco quer colocar alguém em Hogwarts ou sair...
— Mas para isso deveria haver um... Em... — a voz de Erika desapareceu quando ela começou a se lembrar da conversa que teve com Draco.
O armário em frente ao loiro no quarto da necessidade era o mesmo da Borgin & Burkes. Draco foi muito inflexível para que ela não tocasse nele ou pensasse muito nele, ele parecia estressado. Se aquele armário da Borgin & Burkes fosse o mesmo que ela viu naquela sala, então era um mau sinal.
— Erika?
— Merda... — Erika murmurou em um suspiro, com a testa franzida quando percebeu algo. — Draco está consertando.
— O que?
— Eu... Eu não queria te contar antes porque não sabia o que estava fazendo, mas segui Draco até a sala precisa e havia um armário igual ao da Borgin & Burkes, mas era parecia que Draco estava consertando. — ela revelou quase estressada e Harry olhou para ela com a testa franzida. — Eu o vi frustrado e muitas coisas quebradas estavam perto do armário, parece que não funcionou.
— É a prova que precisamos para eles fazerem alguma coisa! — o de óculos exclamou imediatamente. — Eles têm que parar o Draco, eu sempre tive razão!
— Bem, sim. Mas fazer com que a sala precisa lhe mostre exatamente onde Draco tem o armário será... Difícil.
— Só temos que pensar que queremos ver o que ele vê. — Harry insistiu quase em desespero. — Draco não pode...
— Sair impune, eu sei. — a Lufa-Lufa interrompeu decisivamente. — Mas também temos que saber o que Pansy tem que fazer, talvez Draco faça algo mas Pansy deve fazer algo complementar. Ou vice-versa.
Harry soltou um suspiro de frustração com isso, era verdade, eles poderiam parar um, mas não sabiam o que o outro estava fazendo. Eles poderiam até estar tentando maneiras diferentes de chegar ao mesmo fim e no final seria inútil. Ambos tinham que ser parados ao mesmo tempo e eles tinham que descobrir como.
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Os dias seguintes passaram rapidamente até chegar o fim de semana. Durante a manhã todos estavam sentados tomando café da manhã em paz, alguns, como Erika, desceram quando todos já estavam comendo. A garota de olhos azuis pediu desculpas com os olhos enquanto coçava a cabeça suavemente enquanto descia as escadas. Ela havia adormecido depois de passar a noite conversando com Fred e Ron sobre Quadribol.
Molly se levantou para ir buscar o café da manhã para ele ao mesmo tempo que Erika se apressou em fazer o mesmo, não querendo que a Sra. Weasley interrompesse seu café da manhã para atendê-la.
Eles começaram uma pequena e gentil discussão sobre Molly querer tratar bem seu convidado e Erika dizendo que ela poderia fazer isso sem nenhum problema. Mas a discussão parou quando o olhar da mulher pousou na janela e ela viu duas figuras se aproximando da casa. Seu rosto se iluminou e seus olhos ganharam um brilho peculiar ao reconhecer um dos homens.
— Percy! — ela exclamou em genuína felicidade. Os gêmeos apareceram rapidamente na cozinha e seguiram o olhar da mãe. — É o Percy, e ele vem com o Ministro!
— O Ministro? — a garota de olhos azuis perguntou em um leve murmúrio, surpresa com a visita inesperada.
Rufus Scrimgeour chegou à porta da frente da toca ao lado de Percy Weasley, que havia parado de responder as cartas de sua mãe há algum tempo. Todos na mesa olharam surpresos e confusos quando viram que o Ministro da magia estava ali. Danielle, Penny e Tonks compartilharam um olhar que dizia silenciosamente para ficarem alertas.
— Desculpe pela interrupção, eu e Percy estávamos de passagem e ele achou bom vir cumprimentar sua família. — o Ministro falou, seu olhar pousando em Danielle e Tonks para sorrir para elas em saudação. — Há muito tempo sem vê-las, é estranho não vê-las andando com tanta frequência pelos corredores do ministério.
— O dever chama. — Danielle respondeu encolhendo os ombros enquanto deixava sua xícara de café sobre a mesa. — Espero que seja uma visita agradável, Sr. Ministro.
Os olhos do homem pousaram em Harry, que estava sentado à mesa entre Rony e Ginny, e depois olhou para Erika que estava parada na cozinha, olhando para ele com uma leve carranca.
— Esperemos que sim. — ele acabou dizendo. Ele balançou a cabeça quando Molly começou a lhe oferecer algo. — Eu só gostaria de dar uma voltinha enquanto Percy conversa com sua família. Você gostaria de me acompanhar?
O olhar de Rufus passou entre Erika e Harry visivelmente. Um silêncio mortal invadiu a toca quando todos seguiram o olhar do homem, entendendo a intenção do Ministro de querer falar a sós com os dois. Lupin e Danielle estavam prestes a dizer alguma coisa, mas a voz de Harry os interrompeu.
— Claro. — Harry aceitou em meio ao silêncio e depois olhou para Erika, esperando sua decisão.
A garota de olhos azuis assentiu silenciosamente, seu olhar fixo no homem como se estivesse tentando lê-lo para saber suas intenções. Ela só pôde ver o sorriso satisfatório do homem antes de sair em direção ao jardim.
Ambos seguiram o homem em silêncio pelo jardim coberto por uma espessa camada de neve. Seguiram as pegadas do ministro marcadas na neve, até chegarem a uma das cercas que marcavam o limite entre o jardim e a rua da toca. O homem olhou para o terreno nevado como se fosse a coisa mais maravilhosa do mundo, fazendo Erika e Harry compartilharem um olhar sutil de surpresa.
— Eu queria conversar com vocês dois há muito tempo. — o homem finalmente disse. — Mas Dumbledore não deixou. Eu não o culpo, depois do que o ministério fez para você, Harry e... O supressor para Erika.
Nenhum deles disse nada, esperando que o homem fosse direto ao ponto.
— O mundo mágico sente uma espécie de... Alívio, sabendo que O Escolhido existe e que o sangue de Merlin é real. Isso dá a eles... Como dizer? Esperança. — ele continuou, olhando para os dois com um sorriso confiante. — O garoto que está destinado a derrotar você-sabe-quem e a prova viva de que Merlin é uma figura verdadeiramente poderosa. Isso eleva o moral das pessoas, elas gostam de se sentir protegidas. Não posso deixar de pensar que vocês se beneficiariam se estivessem no lado do ministério.
Erika não pôde deixar de soltar um leve bufo de zombaria, ganhando um olhar estranho de Harry e um pouco irritado do Ministro.
— Eu disse algo engraçado?
— Não, não. Bem, não para você. — Erika esclareceu rapidamente. — Só me fez rir um pouco que você disse que seria bom ficar do lado do ministério depois que eles me trataram como uma arma perigosa em vez de uma pessoa e depois de tratarem Harry como um mentiroso no ano passado. Mas talvez você precise expandir um pouco. O que você quer dizer com ficar do lado do ministério?
Rufus franziu a testa ligeiramente antes de pigarrear para falar novamente.
— Quer dizer, não seria ruim para vocês irem ao ministério de vez em quando. Entrar e sair, para que todos possam ver que as pessoas a quem confiam as suas esperanças estão do nosso lado. — seu olhar foi para Harry. — Dolores Umbridge me disse que você quer ser Auror, você teria a oportunidade de falar com o chefe do escritório dos Aurores. E você, Erika, Umbridge comentou que gosta de criaturas mágicas como seu avô. Poderíamos mostrar como vocês trabalham no escritório e...
— Dolores Umbridge ainda está trabalhando no ministério depois de tudo que fez? — a Lufa-Lufa interrompeu rapidamente, irritada. — Não ficou claro a tortura que ela usou nos alunos no ano passado?
— O ministério tratou das coisas de acordo com...
— Independentemente de como lidaram com isso, aquela mulher deveria estar presa e não trabalhar como se não tivesse feito nada. — Erika disse com a voz tensa e a testa completamente franzida. — Eu não sabia que o ministério era tão estúpido.
— Não me desrespeite, Erika. — Rufus perguntou olhando para ela atentamente. Harry, por sua vez, permaneceu em silêncio, contendo um sorriso animado.
— Só porque você é o Ministro não significa que eu deva respeitá-lo e muito menos saber que ainda tem Umbridge trabalhando lá. — Erika declarou com veemência. — São vocês e o ministério que deveriam ter respeito, talvez não só por mim, mas pelo menos por Harry por ter feito o trabalho que nenhum de vocês fez nestes seis anos.
O rosto de Rufus ficou vermelho de raiva.
— Não aja como uma criança, você têm que entender...
— Ah, então quando os assuntos nos dizem respeito, vocês nos veem como crianças, mas quando lhe convém, somos magicamente tratados como adultos. — Erika interrompeu amargamente, farta de Scrimgeur não poder dizer algo útil.
— Ou como animais de estimação. — Harry acrescentou sério. — Nem Erika nem eu queremos ser tratados como animais de estimação, fingindo que concordamos com tudo o que está acontecendo no ministério.
— Vocês não seriam animais de estimação, estariam fazendo o que traria tranquilidade às pessoas!
— Claro que há muitas coisas que acalmariam as pessoas e tenho certeza de que fingir que trabalhamos no ministério não é uma delas. Não com o histórico de mentiras e más práticas do ministério.
Rufus suspirou estressado, deixando a mão cair na testa com a atitude deles.
— O povo...
— Podemos ajudá-lo a convencer que tudo está indo bem contra Voldemort, mas não trabalharemos com você. — a voz seca de Erika o interrompeu. — Não quero negar esperança às pessoas, mas também não vou trabalhar com uma entidade que não é capaz de separar uma mulher que abusou de crianças e abusa de criaturas mágicas.
— E como você mostrará esperança aos outros se não for através do ministério?
— Com fatos, Sr. Ministro. — Harry disse sério. — As pessoas gostam de ver os fatos.
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O retorno a Hogwarts foi tranquilo. Harry e Erika não mencionaram muito sobre a conversa com o Ministro, mas Lupin e Danielle imediatamente reconheceram as caras irritadas que ambos tinham assim que voltaram do jardim. Entenderam que, no final das contas, a visita não valeu a pena para o Ministro.
Quando retornaram ao castelo, Erika conversou com seus amigos enquanto eles estavam no quarto de Ernie e Justin, aproveitando que Zacharias estava com seus outros amigos para ocupar o quarto.
— Você disse ao ministro que ele era estúpido? — Hannah, que estava deitada nas pernas de Justin enquanto ela lia o profeta, perguntou com uma leve risada.
— Não, eu disse que o ministério era estúpido. — Erika esclareceu enquanto jogava uma péssima partida de xadrez bruxo com Ernie.
— É quase a mesma coisa. — Susan deixou de lado o caderno onde estava desenhando, para olhar para Erika. — Quando nasce o bebê da Penny?
— Abril, se não no final de março. — ela respondeu, focada no próximo movimento que faria no tabuleiro. Ela era péssima jogando xadrez de bruxo, mas pelo menos tentou. — Malandro, tenho certeza de que não é assim que aquele se move!
— Você nem sabe jogar, Eri. — o loiro riu ao ver como sua amiga moveu uma figura para o lado errado. — Esperemos que sua sobrinha não se interesse por xadrez mágico e então você não tenha que ensiná-la.
— Merlin, essa garota vai ser linda. — Hannah suspirou ao imaginar uma garota com as características das duas garotas. — Penny é muito bonita e Danielle é linda...
Erika franziu a testa e olhou para a loira quase indignada.
— Você acha minha irmã bonita?
— Erika, eu tenho olhos. É claro que acho Danielle atraente. Eu teria que ser cega para não admitir. — ela disse obviamente, os outros balançando a cabeça concordando com ela. — Você também é bonita, Eri. Não se preocupe.
— Penny tem sorte. — Ernie murmurou enquanto movia outra peça no tabuleiro. — Eu tenho a coisa loira, mas precisava ser uma garota para tentar algo com Danielle.
— Acho que está faltando o detalhe importante de ser maior de idade. — Justin comentou com uma sobrancelha levantada.
— Podemos parar de falar sobre o quanto você gosta da minha irmã? — a garota de olhos azuis reclamou enquanto apertava a ponta do nariz.
— Não. — os quatro disseram com acentuada seriedade.
Eles riram ao ouvir o rosnado de Erika e decidiram descer para almoçar no grande salão de jantar. Eles caminharam pelos corredores e conseguiram ver um cartaz impressionante em um dos painéis de informações gerais para estudantes. Havia alguns alunos da sexta série interessados em ler o panfleto convocando os alunos daquela série que estavam prestes a completar 17 anos para terem aulas de aparições.
— Aparição? É quando você se teletransporta, certo? — Justin inclinou a cabeça ao ver o desenho de uma pessoa aparecendo em outro lugar seguido por algumas flechas.
— Sim, você consegue sua licença quando passar na especialização sem problemas. — Hannah terminou de ler e olhou para seus amigos. — Acho que todos já podemos nos inscrever, Erika completa 17 anos em fevereiro, Justin e Susan em março, eu em maio e Ernie em julho.
— Sinceramente, não tenho um bom pressentimento sobre aparatar... — Justin murmurou desconfiado, olhando para Erika. — Como foi quando você apareceu com Dumbledore e Harry?
— É como usar uma chave de portal, mas mais calmo, se possível. Aqui meu estômago revirou, mas não vomitei. — comentou naturalmente, vendo Hannah escrever seus nomes na página. — Está com medo?
— Não é medo, apenas desconfiança. Certa vez li que você poderia se machucar seriamente se fizesse algo errado.
— Como qualquer feitiço ou poção. — Susan acrescentou encolhendo os ombros. — A chave para a aparência é confiança e concentração, foi o que minha tia me disse.
Todos olharam para ela por um segundo, as palavras da ruiva saindo em um murmúrio melancólico ao se lembrar de sua falecida tia.
— Ah, Eriri, é um prazer encontra-lá. Ops, o que é isso? — a voz de Alex apareceu atrás deles. O Grifinório se aproximou sorrindo junto com sua irmã, Lea. Sua cabeça espiou um pouco acima da de Susan para ler o que todos viram. — Ah, aparição! Você pode me inscrever, Hannah? Já que você está com o lápis.
A loira assentiu sem problemas.
Lea estava com o olhar fixo em Erika, como se ela estivesse tentando dizer algo em silêncio, evitando abrir a boca e dizer algo em voz alta. Mas as expressões em seu rosto sugeriam que ela estava tentando encontrar uma maneira de manter a sutileza.
— Precisamos falar com você, conseguimos abrir a gaveta. — de repente ela deixou escapar e Alex pulou, correndo para tentar cobrir a boca da irmã.
— Não diga isso tão de repente! — Alex repreendeu suavemente em um suspiro, seu olhar caindo sobre Erika. — Mas sim, é verdade. Você vai querer nos ouvir... Ou, bem, ler.
Os cinco da Lufa-Lufa olharam para eles por um momento, o olhar de Erika fixo na mão de Lea segurando alguns pergaminhos dobrados. Ela assentiu silenciosamente, seguindo seus primos até uma sala de aula vazia próxima.
O estômago de Erika estava apertado, sua respiração parecia curta, como se fosse difícil para ela respirar. Ela estava ansiosa, se o que encontraram naquela gaveta tinha a ver com o sangue de Merlin certamente tinha a ver com ela também.
Quando os três entraram na sala e a porta se fechou, o ar ficou tenso de ansiedade e nervosismo. Os irmãos Scamander pareciam tensos, obviamente já sabiam o que havia naqueles pergaminhos, haviam lido cada palavra e não podiam deixar de se sentir um pouco mal.
— Eu ia escrever para você sobre o que encontramos, mas sinto que é algo que você deveria ver por si mesmo. — Alex finalmente falou enquanto Lea passava os pergaminhos para a garota de olhos azuis. — Abrimos a gaveta e ela estava cheia de papéis. Encontramos cartas, documentos, mas o mais importante foram essas cartas. Pegamos cópias deles para que papai não suspeitasse de nada.
— Acho que você deveria se sentar, Eri. — Lea acrescentou suavemente, a Lufa-Lufa obedecendo enquanto ela pegava a primeira carta para lê-la.
Com curiosidade e carranca, ela desdobrou as páginas e começou a ler a primeira carta com o coração na garganta.
Olá, Andrew, espero que minha carta chegue até você em um bom momento.
Espero que você esteja bem no trabalho, tenho ouvido pessoas falando de você e lamentando que você tenha voltado aos Estados Unidos para trabalhar lá. Eles esperavam que você fosse como o tio Teseu, ao que parece.
Estou escrevendo para você porque tenho novidades e... Sei que você e mais ninguém vão gostar, mas estou grávida de três meses. E sim, é de Nathaniel.
Minha saúde está bem, meu peito não dói e tudo parece normal demais, estou surpresa que o supressor não esteja doendo ou algo assim.
Não vou mentir para você, a verdade é que estou com medo, Drew. Estou preocupada que o supressor não afete apenas a mim, mas também ao bebê.
Por favor, não conte a Heather. Eu gostaria de te contar pessoalmente.
Desculpe.
Te amo, Ari.
Quando terminou de ler, sentiu seu coração parar e seu estômago embrulhar. Seu corpo ficou subitamente frio e uma estranha náusea a encheu completamente. Supressor? Por que sua mãe falaria sobre um supressor? A menos que...
Ela colocou aquela carta de lado e rapidamente começou a ler a outra, as mãos apertando o papel com força, quase amassando-o.
Olá, Drew.
Primeiramente queria agradecer pelo presente que você mandou para Danielle, ela adorou aprender a fazer figuras mágicas de papel. Tive que esconder meus cadernos para não rasgar as páginas. Ela está me pedindo para escrever para você para agradecer, ela fez um desenho seu também, então estará no envelope com minha carta.
Mudando de assunto para um assunto totalmente diferente, preciso da sua ajuda.
Você já sabe que o bebê vai nascer em breve (caso eu não tenha contado, o nome dela será Erika, como aquela atriz que vimos em O Profeta e gostamos muito). E estava tudo bem até que Madame Trelawney me abordou com uma profecia de que o bebê herdaria meu sangue.
Tive muito medo de que Danielle fosse herdar, senti um alívio enorme quando percebi que ela não apresentava nenhum sintoma. Mas saber que agora Erika será quem herdará isso... Isso me apavora.
Não quero deixar um fardo para Erika e muito menos quero que Nathaniel descubra. Se ele já está levando Danielle para aquelas reuniões puristas do sangue, não quero imaginar o que ele fará com a garota se descobrir que herdou meu sangue.
Sei que vou morrer, entendo como isso acontece, mas não quero deixar Erika sozinha. Também não quero que eles a apoiem e não a deixem viver em paz. Podemos nos encontrar quando você estiver livre? Eu tenho um plano e preciso da sua ajuda e da Heather.
É hipócrita da minha parte? Não conversamos mais, ela está furiosa comigo, mas não acho que ela vá me negar ajuda se eu explicar tudo para ela. Então, por favor, diga a ela por mim.
Não quero que Erika passe pela mesma coisa que eu, quero que cuidem dela e a protejam. Diga-me que você fará parte disso e tenha isso em mente quando eu explicar o que planejei.
Eu te amo, Drew.
— Ari.
Ao terminar de ler, sentiu sua respiração acelerar. Ela olhou para os primos que a olhavam com preocupação, atentos a qualquer reação que Erika pudesse ter.
Herdar o sangue da sua mãe? A profecia? Ela não podia ignorar nada disso, era muito óbvio.
Sua mãe...
Ariadne Scamander foi a anterior portadora do sangue de Merlin. Erika herdou tudo dela.
Ela deixou aquela carta e a restante em uma das mesas com a mão trêmula, deixou as costas caírem no encosto da cadeira tentando processar o que havia lido. Sua mãe sabia que ela iria morrer e mesmo assim sua prioridade naquele momento era cuidar dela e buscar proteção para ela.
Ela engoliu em seco, mordendo o lábio enquanto segurava o choro que começava a cercá-la. Com as mãos trêmulas, ela leu o último.
Drew.
Desculpe. Eu sei que tudo estava indo bem, mas descobri o que aconteceu com os Potter, não acredito que Lily e James morreram tão jovens. Pelo menos, não tão jovem quanto Regulus.
No final, a causa foi a mesma.
Sei que fizemos o que tínhamos que fazer, mas o caderno ainda está em minha posse e tenho certeza de que Nathaniel está procurando por ele. Em breve entregarei para você, por favor guarde, e quando necessário você entregará para Erika. Por favor. Tudo que você precisa está lá.
Estou desesperada, tenho medo pelas minhas duas filhas. Danielle está desenvolvendo uma personagem terrível, Nathaniel continua forçando-a a passar um tempo com os Yaxleys, ela brigou com uma das garotas mais novas de lá.
É possível salvar uma menina que ainda não sabe como o mundo funciona de um destino cruel? Se você souber a resposta, adoraria que você me contasse. Sinto-me em dívida com todas essas crianças.
Eu diria que Merlin nos proteja, mas não confio muito naquele bastardo egoísta depois que ele riu da minha cara.
A única coisa boa é que Erika ainda sorri, parece muito com o sorriso do Nathaniel que conheci em Hogwarts. Com tudo o que está por vir, talvez não seja tão ruim que sejam parecidos em certos aspectos.
Beijos.
— Ari.
O ar que ela segurava involuntariamente nos pulmões começou a doer. Ela o soltou trêmula e as lágrimas acumularam-se tanto em seus olhos que começaram a cair sozinhas. Ela rapidamente começou a tentar secá-las ou impedi-las enquanto olhava para seus primos.
— O caderno que ela mencionou... Estava lá com as cartas? — Erika perguntou com a voz quebrada pelo choro.
— Não, eu não estava. — o ruivo suspirou, olhando tristemente para a prima. — Presumimos que... Que ela provavelmente não conseguiu dar o caderno para o meu pai.
— E onde será que está?
— Se ela não conseguiu entregar, talvez seja na sua casa. — Lea propôs desviando o olhar, sem saber como reagir ao choro da mais velha. — Você precisa de um tempo sozinha para chorar?
Erika enxugou as lágrimas que continuavam a se acumular e balançou a cabeça, passando-lhes as cartas, mas Alex balançou a cabeça.
— Fique com eles. Você merece ter a verdade em suas mãos.
A verdade. Foi bom saber a verdade, mas agora saber que sua mãe morreu tecnicamente por causa dela foi... Doloroso. Sentiu que não tinha a verdade completa, que faltavam muitas peças para finalmente ter uma resposta para tudo.
Erika precisava encontrar aquele caderno, mas não sabia como e nem por onde começar.
Sem dizer mais nada ela saiu da sala, a única coisa que conseguia pensar era que precisava saber mais sobre sua mãe. Mais de sua vida. Por que Dumbledore estava mostrando suas memórias relacionadas a seu pai em vez de ajudá-la a entender sua mãe, que tinha sangue de Merlin?
A menos que ele não soubesse.
O que era impossível. Os sintomas são sempre óbvios, preocupantes. Ele não poderia ignorar uma aluna sangrando de repente, como se ela tivesse uma hemorragia interna ou seu nariz estivesse sangrando do nada.
Ela parou seus passos quando chegou perto do salgueiro lutador. Se Dumbledore ou qualquer outra pessoa não quisesse ajudá-la, ela teria que começar a procurar respostas sozinha. E ela não iria encontrá-los no castelo.
Ela sentou-se na grama, olhando para o salgueiro que ali estava iminente e com presença, alheio a tudo ao seu redor. Ela não podia deixar de invejar a inocência e a desconexão do salgueiro; naqueles momentos ela queria ser qualquer outra coisa para poder parar de sentir que seu peito estava sendo esmagado a cada respiração.
— Eri. — uma voz soou atrás dela, uma voz que ela não sabia se queria ouvir naquele momento. Não porque estivesse chateada, mas porque não sabia como contar para a irmã mais velha o que leu. — Dumbledore... Você está bem?
Sua irmã parecia preocupada. E como não? Ela estava sentada no chão, chorando e segurando papéis nas mãos. Não se importar com a cena à sua frente seria pura cegueira.
— Não... E você também não ficará. — Erika murmurou, levantando a mão com os papéis sem olhar para ela. — São da mamãe para o tio Andrew.
Danielle pegou os pergaminhos com uma leve confusão e começou a lê-los um por um. Erika não conseguia ver a reação da irmã, não conseguia ver como seu rosto imediatamente se transformava em um rosto frustrado e triste e ao mesmo tempo as lágrimas que se acumulavam em seu rosto faziam surgir lembranças de quão pouco e nada ela sabia de sua mãe.
— Merda... — foi a única coisa que Danielle conseguiu murmurar enquanto se sentava ao lado da irmã, que soltou uma risada amarga. — De onde você tirou isso?
— Alex e Lea fizeram isso. Dumbledore disse a eles que se realmente quisessem me ajudar depois do que aconteceu no ano passado, teria que ser de verdade. Como o cara sabia que eu tinha sangue de Merlin, eles presumiram que ele sabia mais sobre isso, encontraram uma gaveta com fechadura mágica, abriram durante o Natal e trouxeram para mim. — Erika explicou com sua voz monótona, fixa no salgueiro. — Quem era a garota que você bateu?
— Com certeza Sophie, brigamos o tempo todo. — Danielle murmurou, deixando-se cair no chão com os braços abertos. — Não acredito que realmente possa ter herdado essa coisa...
— Com certeza você teria aceitado melhor do que eu... — Erika abraçou os joelhos, apoiando o queixo neles. — Você teria investigado melhor e teria as respostas rapidamente.
— Eu duvido. Se a mamãe fez um caderno com tudo que você precisava é porque não foi fácil encontrar as informações. — ela argumentou imediatamente. — Você não pode dizer que está fazendo algo errado quando ninguém sabia e tudo aconteceu de uma vez para você.
— Eu deveria saber quando, na memória que Dumbledore me mostrou, vi mamãe ainda jovem sangrando pelo nariz. — a garota de olhos azuis reclamou frustrada. — Eu estava tão cega...
— Você não tinha como saber, não há registro de nossa mãe ter o sangue no ministério. O que é estranho porque se colocaram o supressor nela é porque deveria ter sido registrado.
Ambas soltaram um grunhido frustrado. Cada vez que encontravam algo, surgiam mais mil perguntas.
Qual foi o plano que ela mencionou a Andrew?
Por que ninguém sabia que Ariadne tinha sangue de Merlin?
E...
— Heather era a melhor amiga da mãe, certo? — Erika perguntou curiosa. — Ela diz que está brava com ela, mas nas lembranças vi que elas se davam bem. Você conseguiu conhecê-la?
— Não, nunca tinha ouvido falar de Heather Yaxley. Presumo que ela seja parente de Sophie, mas nunca ouvi seu nome. — a mais velha murmurou mordendo a ponta da língua. — Talvez eu devesse pesquisar algo sobre ela, se nossa mãe fala tanto dela é porque ela deve ter sido próxima.
Elas ficaram em silêncio por alguns momentos. A brisa de inverno fazia o salgueiro farfalhar enquanto camadas de neve caíam de seus galhos.
— Vim te avisar que Dumbledore está te procurando, mas tudo bem se você não quiser ir. Talvez você precise de algum tempo sozinha para processar tudo isso.
— Estou bem, tenho coisas para saber de qualquer maneira. — Erika murmurou, levantando-se lentamente.
__________
Quando chegou ao escritório de Dumbledore percebeu que estava vazio. Começou a percorrê-la em silêncio, observando os pequenos troféus, artefatos e pinturas que ali estavam. Conseguiu ver seu reflexo em uma das vitrines, notou seu rosto diferente, talvez áspero. Suas olheiras estavam começando a aparecer novamente e ela não sabia se o brilho em seus olhos estava enfraquecido pela falta de iluminação no escritório.
— Érika. Presumo que Danielle chegou com minha mensagem. — Dumbledore apareceu do nada, surpreendendo-a um pouco. — Como foram suas férias?
— Calma. — ela respondeu com sua voz tensa, tentando não parecer muito chateada. — Gostaria de lhe fazer algumas perguntas, professor.
— O que você quiser. Mas primeiro deixe-me mostrar uma coisa. — o diretor mostrou um pequeno frasco em sua mão. — Encontrei uma memória que pensei estar perdida e que certamente lhe interessa.
Erika olhou para a penseira por inércia e suspirou.
— Farei as perguntas mais tarde, então.
Dumbledore se aproximou da penseira lentamente. Ele notou que Erika estava tensa. Não, era mais algo mais complexo.
Ele derramou algumas gotas na água celestina da penseira, as gotas se transformando em uma memória antes de Erika afundar o rosto e ser transportada para a enfermaria de Hogwarts.
Erika estava na frente de uma maca onde sua jovem mãe estava deitada com algodão no nariz e o rosto manchado de sangue seco. A mesma imagem da vez em que Erika vomitou sangue no ano passado, os sinais sempre estiveram ali e ela nem percebeu.
Ao lado da maca estava uma menina que estava sentada preocupada, o pé batendo no chão ansiosamente e Ariadna olhou para ela com um pequeno sorriso.
— Estou bem... — ela assegurou e a outra garota desconhecida soltou um suspiro angustiado.
— Não é normal vomitar sangue, Scamander. — a garota reclamou, seu cabelo penteado em lindas tranças presas à cabeça se mexeu quando ela balançou a cabeça. — Talvez a fratura no crânio do ano passado esteja pregando peças em você.
Ariadna soltou uma risada que foi interrompida por passos acelerados entrando na enfermaria. Erika reconheceu a garota entrando como Heather Yaxley, seu olhar fixo em sua mãe enquanto ela estava com a testa franzida parecendo quase irritada.
— O que aconteceu? Ouvi o idiota do Prewett falando sobre Ari vomitando. — a Corvinal parecia preocupada, aproximando-se da maca com passos largos, olhando para a garota a sua frente. — Você estava lá, Selwyn?
— Sim, foi horrível. Ela começou a vomitar sangue do nada, começou a tossir e depois caiu no chão e... E... — a garota soltou um suspiro trêmulo. — Desculpe, eu estava realmente apavorada.
Heather assentiu e olhou para Ariadna que estava com o olhar fixo nela, aqueles olhinhos de cachorrinho quase pedindo para não merecer uma bronca a fizeram suspirar sutilmente. Sempre que ela fazia algo ruim, ela olhava para ela daquele jeito.
Erika percebeu o pequeno sorriso de Ariadna ao olhar para Heather, como se soubesse o que iria dizer a qualquer momento.
— Não se preocupe, provavelmente foi o estresse dos NIEMs. — ela a tranquilizou com uma gentileza que soou estranha em sua voz. — Você se importaria de nos deixar sozinhas por um momento?
A garota olhou entre elas e pigarreou antes de sair, seu olhar passando para as duas de vez em quando. A memória começou a se mover, então Erika presumiu que fosse a memória de Selwyn.
Parou atrás da porta que dava para a enfermaria, numa posição onde pudesse estrategicamente ouvir a conversa e ao mesmo tempo ver o que estavam fazendo. Como se estivesse tentando confirmar algo.
— Você disse ao Nathaniel que estou aqui? — foi a primeira coisa que Ariadna perguntou, o bufo incrédulo de Heather ecoou na enfermaria.
— Você quase morreu e a primeira coisa que pergunta é sobre ele. Você é incrível, Scamander. — sua voz amarga fez a Lufa-Lufa sorrir. — Estou aqui te acompanhando, isso não é o suficiente para você?
— Mas ele...
— Ari, ele não está interessado em você desse jeito, eu lhe garanto. — a Corvinal decretou, cruzando os braços.
— É assim que parece por fora, mas você não sabe. — a voz da mãe dela parecia áspera, ela parecia muito chateada com a amiga.
Erika conseguiu ver o rosto incrédulo de Heather, que então sorriu zombeteiramente enquanto levantava as mãos exageradamente.
— Eu o conheço desde os sete anos, Ariadna! Acredite, eu conheço Nathaniel Frukke.
— Você não pode me dizer que ele não está interessado em mim quando estamos namorando há mais de um ano. — a mulher de olhos azuis repreendeu e o rosto de Heather mudou completamente.
— Vocês realmente estão a tanto assim? — sua voz sugeria que havia uma segunda intenção em sua pergunta, talvez, algo entre as duas que não foi falado.
Ariadna mordeu a ponta da língua e desviou o olhar um pouco frustrada.
— Não conta.
— Claro, isso nunca conta para você.
Ambas permaneceram em um silêncio desconfortável, Erika conseguiu perceber como Sewyl pensava cuidadosamente sobre o que tinha ouvido. Um leve suspiro de choque soou ao lado dele, como se ele tivesse percebido algo naquele momento.
— Contei ao Nathaniel sobre o sangue. — ela deixou escapar de repente, e Erika jurou que viu o rosto de Heather mudar completamente.
— Você fez o que?!
— Eu contei a ele porque de repente comecei a sangrar pelo nariz na frente dele, foi quando eu e você paramos de conversar depois da festa do Slughorn. — Ariadna explicou em um sussurro, Heather bufou. — Ele disse que iria me ajudar com o que eu precisasse.
Heather deixou os ombros caírem em descrença, ela passou as mãos com força pelo rosto tentando se livrar da raiva, mas não conseguiu.
— Sinceramente, Ariadna. O que você tem de bonita, você tem de estúpida. — ela disse irritada, e tanto Ariadna quanto Erika franziram a testa. — Não é suficiente para você que Slughorn te ajude lhe dando poções?
— Desculpe? — ela perguntou magoada, furiosa. — Poções são algo temporário, Nathaniel sabe muito mais sobre essas coisas.
— Aquele idiota é obcecado por magia antiga e você deixa escapar isso para ele!
— Bom, ele não reagiu tão mal quando contei, nem pareceu surpreso. — ela refutou irritada, cruzando os braços. — Ele não me trata como uma boba.
— Você não é bobo, ok? Desculpe por dizer isso. — ela se desculpou com um suspiro de frustração. — É que... Não é algo que você possa dizer a alguém. Você é mais esperta que isso, Ari.
— Talvez eu não seja tão inteligente e perfeita quanto você pensa. — Ariadna murmurou, seu olhar ardendo de indignação olhando para a Corvinal. — Perdoe-me por não ser a princesa perfeita que você pensa que sou.
— Você...
— Sou uma pessoa comum. E se você não gosta disso...
— É uma piada? — Corvinal bufou com raiva. — Depois de todos esses anos? Tudo o que vivemos e ainda assim você acredita nisso depois...!
A memória começou a desaparecer, as coisas começaram a desaparecer lentamente e as vozes começaram a ser ouvidas como murmúrios incompreensíveis.
Erika ergueu a cabeça, confusa, mas não surpresa. Dumbledore pretendia revelar a ela que sua mãe era a portadora do sangue de Merlin? Porque mais do que isso, foi uma lembrança ver a amizade complicada que sua mãe tinha com essa Heather e como ela se condenou quando contou ao pai sobre possuir aquele cobiçado e rumores de sangue.
— Não vejo você tão surpresa, Erika. — Dumbledore falou calmo e inocentemente.
— Minha mãe era a anterior portadora do sangue de Merlin. Sim, eu já sabia disso. — Erika murmurou, sua testa começando a franzir. — Se você já sabia, por que não me contou?
Dumbledore não ficou surpreso com o fato de Erika já saber que sua mãe havia sido a portadora anterior. Ele parecia calmo, calmo demais para o gosto da Lufa-Lufa.
— Não era minha função revelar esta informação para você.
Erika bufou incrédula, seu aborrecimento com o diretor aumentando a cada segundo. Ela sentiu como se estivesse brincando, não apenas com ela, mas com todos. Não revelando informações importantes, escondendo tudo e fazendo-a esperar. Seus primos haviam feito mais do que toda a ordem combinada no ano passado e agora.
— E quem foi o responsável por me dar as informações relevantes? Sobre minha mãe? — Erika retrucou cerrando os punhos enquanto tentava acalmar sua raiva. — Nem minha irmã sabia disso, o que vocês ganharam esse tempo todo escondendo coisas de mim? Quase morri no ano passado porque não conseguiram me dizer que eu tinha sangue de Merlin!
— Precisávamos corroborar as informações a respeito disso, Erika. Foi um palpite.
— Literalmente nesta memória minha mãe parecia a mesma que eu no ano passado, após o ataque ao Sr. Weasley. — ela bufou furiosamente. — Apenas me diga que você não se importa nem um pouco com tudo o que está acontecendo comigo.
— A raiva cega o julgamento, Erika. — Dumbledore recitou e Erika se virou furiosamente. — Eu vi isso em Harry e...
— Eu não sou Harry. — Erika imediatamente interrompeu com força. — Comparar-nos é uma coisa muito estúpida de se fazer, professor. E acho que vou manter minha palavra de começar a fazer as coisas sozinha. Com licença.
Dito isto, ela saiu dali, deixando a porta aberta porque sabia que se a fechasse a batida seria ouvida por toda a torre e além. Ela sentiu como se tivesse uma visão de túnel, passando por milhares de pessoas sem ver seus rostos, com o olhar fixo em um ponto de fuga à sua frente, tentando ver onde cair.
Erika estava respirando com dificuldade, não queria ver ninguém naquele momento. Ela só tinha uma coisa em mente.
Encontrar uma maneira de começar a procurar sozinha as respostas que ela precisava, parar de depender dos outros. Independentemente de ser Albus Dumbledore ou a Ordem da Fênix.
___________
O café da manhã no grande salão geralmente era repleto de conversas e risadas na mesa da Lufa-Lufa, mas esta manhã foi diferente.
O quinteto de texugos estava tenso. Nem todos, apenas Erika. Depois de conversar com Dumbledore e tentar acalmar seu aborrecimento, ela voltou para a sala comunal, mas manteve uma aura que claramente lhes dizia para não se aproximarem dela, e obviamente seus amigos não queriam que sua amiga olhasse para eles severamente.
Eles pensaram que o sono iria passar, que no dia seguinte tudo voltaria ao normal, mas perceberam naquela manhã que não. Ela estava muito concentrada no café da manhã, mexendo o mingau de aveia sem dar uma mordida.
Susan e Ernie se entreolharam por um momento e silenciosamente jogaram pedra, papel e tesoura para ver quem tentaria falar com ela primeiro, o loiro acabou perdendo e sendo forçado a falar.
— Eri, você sabe que eu te amo muito, né? — o loiro começou a falar, o olhar da garota de olhos azuis caindo sobre ele.
— Não estou com disposição, Ernest.
— Nossa, nome completo. — Ernie murmurou com leve surpresa. — Bem, por esse motivo, há algo em que possamos ajudá-la?
Erika suspirou relaxando os ombros, não conseguia ignorar a preocupação dos amigos. Ela estava chateada com Dumbledore, não com eles.
— Na verdade não, mas gostaria que vocês me ouvissem. — Erika falou, olhando em volta para se certificar de que não havia ninguém perto deles na mesa. — Descobri quem tinha o sangue de Merlin antes de mim.
Seus amigos arregalaram os olhos surpresos e esperaram em silêncio que ele continuasse.
— Foi minha mãe, ela morreu porque tive que herdá-la.
— Merda, Eri... Isso é... — Justin não conseguiu encontrar as palavras certas naquele momento.
— É terrível. — Hannah acabou dizendo. — E ninguém sabia?
— Parece que Dumbledore sabia e não me contou antes. — sua voz parecia tensa naquele momento, dando a entender que era daí que vinha seu aborrecimento. — Mas ninguém do ministério também sabia, o que é ainda mais estranho porque minha mãe aparentemente também tomava um supressor de sangue.
— O ministério não lhe contou nada daquela vez? — Susan franziu a testa em confusão.
— Alguns dos papéis foram perdidos quando Voldemort começou a tomar o poder.
— Talvez aqueles papéis fossem da sua mãe e por isso Voldemort sabia que você tinha o sangue de Merlin. — Justin propôs e Erika pensou por um momento.
— Voldemort sabia que tinha o sangue de Merlin por causa da profecia, se soubesse que minha mãe tinha ele com certeza teria ido atrás dela naquele momento.
— Achei que Dumbledore estava ajudando você. — Hannah comentou confusa e Erika suspirou amargamente.
— Eu também.
Eles permaneceram em silêncio e aproveitaram para se concentrar novamente no café da manhã. Justin, sentado, tentava conectar seu olhar com Hermione para transmitir a mensagem de que Erika talvez precisasse conversar com ela sobre o assunto, mas em vez de ver Hermione, ele deu de cara com Harry na sua frente, que estava lá com o intenção de falar com ele para Erika.
— Eri, podemos conversar? — Harry perguntou sutilmente sob o olhar dos texugos.
— Claro.
Ambos saíram em silêncio da grande sala de jantar, chegando a uma das escadas que levava ao segundo andar.
— Ouvi dizer que Dumbledore falou com você ontem, está tudo bem?
— Ele só me chamou para me mostrar que minha mãe era do sangue de Merlin, mas eu tinha descoberto literalmente uma hora antes. — Erika não pôde deixar de sorrir um pouco ao ver a expressão exagerada de surpresa do Grifinório. — O que você precisa ,Harry?
— Preciso da sua ajuda, mas primeiro, você está bem? Deve ter sido uma... Revelação forte.
— Honestamente foi, mas mais do que uma surpresa fiquei chateada porque Dumbledore não me contou antes.
— Bem, ele deve ter tido seus motivos...
— Como quais?
Naquele momento Harry não sabia o que responder.
— Ele lhe mostrou alguma lembrança de Slughorn?
— Não, e você?
— Sim. Ele me disse que era uma memória alterada e que eu precisava obter a verdadeira. — Harry cruzou os braços por um momento. — Quero falar com Slughorn para tentar recuperar essa lembrança, é importante saber o que Voldemort perguntou a ele de tão importante. Achei que talvez se fossem os dois alunos que ele mais cobiçava, ele poderia ceder para ficar bem com os dois.
— Parece bom, estarei lá como apoio moral, eu acho. — Erika brincou levemente e Harry rapidamente negou.
— Você será um verdadeiro apoio, analisa bem as pessoas, tenho certeza que se aproveitarmos tudo a nosso favor será fácil.
Erika sorriu para Harry, talvez a única coisa boa que Dumbledore fez durante esse tempo foi fazer os dois trabalharem juntos. Harry era legal e às vezes sua sinceridade era útil, eles eram muito diferentes e isso fazia com que suas opiniões ou visões entrassem em conflito com frequência, mas isso não significava que não pudessem trabalhar bem juntos.
— Claro. Provavelmente é melhor conversar com ele depois da aula, talvez exausto ele seja mais fácil de convencer.
— Às vezes me assusta a facilidade com que você fala sobre manipulação emocional, Erika. Mas nestes casos funciona.
Os dois riram enquanto voltavam para o grande salão, onde, na entrada, Hermione esperava pacientemente. Seu rosto se iluminou ao ver seu melhor amigo e sua namorada rindo juntos, vendo que a conversa havia corrido bem.
Hermione percebeu o mau humor de Erika e quando Harry disse que precisava falar com ela, Hermione disse para ele fazer isso com cuidado. Que qualquer frase mal dita poderia fazer a Lufa-Lufa explodir e, para ser sincera, não era agradável lidar com uma Erika furiosa.
— Posso falar com a Erika? — a morena perguntou quase zombeteiramente. Harry revirou os olhos divertido e continuou seu caminho.
— Você sabe que sempre pode falar comigo, Mione. — a Lufa-Lufa sorriu, aproximando-se dela para lhe dar um breve beijo nos lábios.
— Eu não queria te incomodar, você parecia um pouco tensa. Você quer falar sobre isso?
Erika sorriu ternamente para ela e pegou sua mão para começar a caminhar em direção a um lugar mais isolado. Hermione sugeriu que conversassem na ponte de madeira já que não havia muita gente lá naquele momento, estava tranquilo e tinha uma boa vista.
Quando chegaram lá, exatamente como a Grifinória havia dito, perceberam que não havia absolutamente ninguém ali. A brisa fria da manhã fazia a madeira ranger levemente enquanto se via como as nuvens desciam pelas montanhas distantes dando vislumbres de alguns tímidos raios de sol.
A Lufa-Lufa contou tudo a Hermione, o rosto da Grifinória se transformando em preocupação quando a grande revelação apareceu na história. A única coisa que permaneceu em sua mente por muito tempo foi o fato de que Ariadna Scamander foi aquela de quem Erika herdou o sangue de Merlin.
Convenientemente sobre quem poderia ser encontrada menos informação.
— Não consigo entender por que Dumbledore não te contou nada. — Hermione franziu a testa enquanto se apoiava no parapeito da ponte de madeira. — Não teria sido muito mais útil se você soubesse de tudo desde o início?
— Eu disse a mesma coisa, mas ele age de forma tão calma e casual que me deixa com mais raiva. — Erika estava de costas para a grade, a cabeça caindo para trás em frustração. — Sinto que ele não se importa que eu fique com raiva. Ele deveria precisar que eu o ajudasse com Slughorn, então por que me irritar?
— Ajudou muito Harry, por isso estou surpreso que seja tão diferente com você.
— Esse é o outro problema! Dumbledore o ajuda mais, como se fosse sua prioridade. Eu entendo até certo ponto, mas acho que deveria ser igual para ambos.
Hermione olhou para a expressão não só de frustração, mas também de tristeza que estava no rosto de sua namorada, por mais que tentassem
encontrar respostas por conta própria, uma ajudinha de pessoas que ela conhecia não faria mal. Se Erika soubesse antes que sua mãe era a anterior portadora do sangue de Merlin, talvez tudo fosse diferente.
Mas parecia, na opinião de Hermione, que tudo tinha sido de propósito. Escondendo coisas dela, revelando-as quando já as conhecia, o que Dumbledore estava planejando com tudo isso?
— Eu estava lendo o livro de Merlin e... — as palavras de Hermione foram interrompidas pelo gemido suave de Erika. A Lufa-Lufa se virou na grade até ficar de frente para Hermione, seus braços caindo frouxamente em volta da cintura da morena. — O que aconteceu?
— Não vamos falar sobre o sangue de Merlin hoje... — Erika pediu num sussurro, escondendo o rosto no pescoço de Hermione. — Conte-me sobre suas aulas ou livros que você leu, por favor.
Hermione sorriu e abraçou Erika gentilmente, acariciando seus cabelos com uma mão e traçando padrões indeterminados em suas costas com a outra. Ela a entendeu, estava cansada do assunto. Foi a única coisa que conversaram ou ouviram com ela ultimamente.
Acrescentando o fato de que Dumbledore não a estava ajudando muito, Hermione imaginou que ela estava cansada tanto fisicamente quanto mentalmente.
— Ainda precisamos ver o livro de constelações para que você possa ver o formato de urso da Ursa Maior. — Hermione lembrou suavemente, sorrindo ao pequeno rosnado da garota mais alta. — Ou podemos fazer algo em nosso tempo livre, o que você quiser.
Erika tirou o rosto do pescoço da namorada e deixou um beijo carinhoso em sua testa. Então ela beijou sua bochecha e a ponta do nariz. Um sorriso permanente apareceu no rosto da Grifinória assim que ela sentiu o primeiro beijo em sua testa e foi impossível de fechar os olhos quando a garota de olhos azuis continuou.
O que Erika precisava naquele momento era fugir um pouco dos seus pensamentos.
— Gosto da ideia de ficar aqui. — Erika murmurou com uma voz fina e cheia de vulnerabilidade. — Não tenho vontade de voltar para o castelo e ter tudo me lembrando que minha mãe viveu a mesma coisa que eu. Não quero pensar em nada relacionado ao Merlin.
— Entendo... E o que você quer fazer? Isso não é faltar às aulas, obviamente.
Erika não pôde deixar de rir disso.
— Me distrair, passar um tempo com meus amigos e com você. Ser Erika Frukke por um momento e não o sangue de Merlin.
Hermione assentiu em compreensão. Ela pegou a mão da garota de olhos azuis e levou-a aos lábios para beijar os nós dos dedos com ternura.
— Então nesse caso termine o que começou. — q morena murmurou e Erika olhou para ela confusa por um momento. — Você não acha que perdeu um lugar para beijar?
Erika riu quando um sorriso torto apareceu em seu rosto.
— Ah, certo. Desculpe. — Erika se desculpou, aproximando-se para beijar o queixo da Grifinória. — É isso.
Hermione fez uma careta entre conter o riso e fingir aborrecimento com o rosto zombeteiro da garota mais alta.
— Muito engraçado. — Hermione revirou os olhos exageradamente e puxou-a para mais perto com intenção. — Deixa eu te mostrar então.
Hermione a beijou lentamente, com um sorriso que não pôde ser apagado. Ela gostava de ver Erika relaxada, deixando escapar seu lado brincalhão e adorável, depois de tudo que aconteceu no ministério e do que veio depois, ela a viu subjugada, diferente, como se ela tivesse se forçado a agir de forma diferente.
Mas com ela e seus amigos ela podia ver que estava abandonando essa fachada, que podia se permitir ser o que era habitual e ver isso era algo que a magoava. Como as circunstâncias a forçaram a manter essa chama online.
O beijo terminou com um breve toque de lábios até que Hermione finalmente se afastou o suficiente para olhar nos olhos dela.
— Vamos antes que você se atrase para a aula. — Hermione sugeriu após acariciar a bochecha da garota mais alta com o polegar.
— Não preciso ir para Estudos dos Trouxas, posso te perguntar qualquer coisa. — Erika reclamou, seguindo Hermione até o castelo. — Eu aprenderia muito melhor.
— Não, porque nos Estudos dos Trouxas eles veem isso de uma perspectiva mágica. Posso ajudá-la com certas coisas, não com tudo. — a Grifinória argumentou obviamente. — Eu juro que se eu descobrir que você está matando aula...
— Eu apareci bem na hora! — a voz de Alex interrompeu a bronca que Hermione estava preparando. O menino estava sentado na piscina do jardim e, assim que as viu se aproximando, levantou-se. — Eu estava esperando por você, Eri. Como você se sente em relação a uma festa?
— Uma festa... Agora? — Erika perguntou confusa e Alex rapidamente negou.
— Não, agora não, para o fim de semana. Comemorarei meu aniversário na sala comunal da Grifinória, se você se sentir confortável, pode ir. — ele explicou com um grande sorriso e depois acrescentou. — Mas não conte para Hermione, ela é monitora.
— Estou literalmente aqui, Alex. — Hermione revirou os olhos e cruzou os braços. — Além disso, Erika também é monitora.
— Mas divertida. — Alex ressaltou, rindo ao ver a carranca da morena. — Brincadeirinha, não se preocupe. Obviamente você também está convidada, Mione.
— Não espere que eu pule de excitação por causa disso.
— Eu não espero isso. — Alex assentiu e depois olhou para Erika. — Convide seus amigos também, acho que seria divertido estar em uma festa com Ernie.
— Vou contar para eles, mas não posso garantir que Justin irá. — Erika murmurou, pensando na careta 'O que você está me dizendo?' O que Justin fará com ela assim que contar?
— Não é como se fosse frequência obrigatória. — o ruivo revirou os olhos e depois suspirou enquanto relaxava os ombros. — Espero ver vocês lá, casal de pombinhos.
Dito isso, o menino foi embora, deixando o convite que Erika obviamente aceitou.
Se ela pensasse sobre isso, um pouco de distração de tudo não faria mal. E nada melhor do que no aniversário do seu primo, certo?
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